A ansiedade se tornou um dos estados emocionais mais comuns do nosso tempo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera os índices de transtornos de ansiedade no mundo. Mas o que há por trás desse incômodo tão presente, tão silencioso — e ao mesmo tempo tão barulhento dentro de nós?
Este texto não pretende oferecer fórmulas mágicas, mas abrir um espaço de reflexão: e se a sua ansiedade não fosse uma inimiga? E se ela fosse uma mensageira?
Na psicologia, a ansiedade é frequentemente vista como uma reação natural do sistema nervoso a uma ameaça — real ou imaginária. Ela é uma resposta do cérebro que, antecipando perigos, nos coloca em alerta. Quando esse sistema se desregula, vivemos presos em um estado de antecipação constante, como se algo estivesse sempre prestes a dar errado.
O corpo entra em modo de luta ou fuga. A mente se projeta para o futuro tentando controlar o incontrolável. A ansiedade, nesse sentido, é um pedido urgente por segurança — muitas vezes disfarçado de inquietação, perfeccionismo, hiperatividade ou insônia.
Para as tradições orientais, a ansiedade é o sintoma de um afastamento do momento presente. O Budismo ensina que o sofrimento nasce do desejo e do apego: queremos que algo aconteça, ou que algo não aconteça — e, nesse movimento, criamos resistência à realidade como ela é.
Já o Taoísmo nos convida a fluir com o Tao, o caminho natural da existência. Tentar controlar tudo é resistir ao fluxo da vida. E resistir gera tensão — uma tensão que se manifesta no corpo, na mente, no coração.
O sábio taoísta não foge da tempestade, mas observa seus ventos e aprende com seu ritmo.
“Se você está deprimido, está vivendo no passado.
Se está ansioso, está vivendo no futuro.
Se está em paz, está vivendo no presente.”
— Lao Tzu
A autora e pesquisadora Lynne McTaggart, conhecida por sua obra “O Campo: a força secreta que move o Universo”, traz à tona uma visão que conecta ciência e consciência. Segundo ela, estamos todos imersos em um campo quântico de energia e informação, onde tudo está interconectado. Nossos pensamentos e emoções não apenas refletem o mundo — eles o influenciam.
Nesse campo, a ansiedade pode ser entendida como um tipo de vibração que interfere no colapso das possibilidades. Quanto mais alimentamos estados internos de medo e escassez, mais atraímos experiências que ressoam com essa frequência.
Mas essa também é uma boa notícia: podemos mudar o campo através da presença consciente. Ao alterar nossa vibração interna — com práticas como meditação, respiração, silêncio, intenção clara — podemos “sintonizar” com realidades mais harmônicas.
Talvez ela esteja te dizendo:
A ansiedade é um alarme. Mas não o alarme de que algo está errado “lá fora” — e sim de que algo dentro de você precisa de atenção, escuta, acolhimento.
Sua ansiedade não é um erro. Ela é um convite.
Um chamado da alma para que você volte. Volte para si. Para o agora. Para o seu verdadeiro ritmo.
Não lute contra ela — escute-a. E ao escutá-la com coragem e presença, ela se dissolve… como névoa ao nascer do sol.
Zara Luz
A alma sussurra nas entrelinhas da ansiedade. Escute com o coração aberto.